Controlar, ser controlado ou ambos?
QUAL PEIXINHO VOCÊ É?
Hoje peguei-me questionando qual o propósito de fazermos tudo o que fazemos. Claro, uma das respostas mais imediatas que tive foi a de que agimos de certas maneiras devido a contextos e ambientes aos quais somos sensíveis. Todavia, tal resposta não foi suficiente para aliviar o desconforto que essa incógnita estava me causando e, assim, me forcei a questionar-me mais fundo. Inicialmente, pensei: o que é esse fazer e por que estou comportando-me de tal maneira? Em diversos locais, temos culturas que perpetuam costumes específicos e, dentro de contextos de menor amplitude, agimos de acordo com o que produzimos e recebemos de outras pessoas.
Percebi, também, que estou perdendo a minha sensibilidade. Lembro-me que há alguns meses eu ainda era uma mulher muito romântica, espontânea, sensível e enérgica com as coisas que me atravessam. No entanto, ultimamente percebo-me fria, afastada, calada e direta. Não posso afirmar se isso é bom ou ruim, para a minha vivência diária, mas posso ter certeza que tornei-me assim devido a certos tipos de situações que enfrento, as quais selecionaram comportamentos mais adaptativos.
Mas vejamos, nem todo comportamento adaptativo é benéfico a nós ou para os outros que afetamos. Se respondemos a estímulos específicos, teremos comportamentos específicos selecionados para situações específicas. Agora, imaginemos se a situação muda. Como ficamos, diante do desamparo dos estímulos que antes mantinham nosso comportamento? O esperado que é possamos responder a esses novos estímulos com o repertório que adquirimos ao longo de nossa história de vida. Mas e quando esse repertório não é estruturado o suficiente para adaptar-se? Será que é neste momento que cruza-se a linha para o sofrimento? O que acontece com um organismo que adapta-se facilmente a contextos diversos? Será que ele torna-se sensível para estar sob controle de qualquer situação, seja ela qual for? Até que ponto o adaptar-se é saudável para o indivíduo que encontra-se em um contexto recheado de injustiças e combate? Mas, primordialmente, de que adaptação estamos falando?
Acho que o que me incomoda hoje é o quão rápido nos encaixamos e respondemos “adequadamente” a situações nos exigem força para nadar contra a corrente. Será que é tão difícil realizar um exercício de contracontrole quanto pensamos? Mas claro, até que ponto esse esforço não desfavorece um local que beneficia a sua própria existência? Temos aí um dilema: deixar-se levar pelo egoísmo e receio de perder coisas que, ilusoriamente, nos pertencem; ou reconhecer que somos causadores da dor de vidas que assemelham-se às nossas, num sentido de humanidade? Talvez apenas eu me incomode com o fato das pessoas não se incomodarem com a adaptação de comportamentos vistos como adequados para contextos inadequados. Será que o mais absurdo não é como indivíduos em situações desfavoráveis se adaptam a contextos injustos por pensarem que não se pode mudar a realidade?
E você? Está satisfeito (a) com suas condutas até hoje? Consegue perfazer a quem ou a que você responde? E, principalmente, por quanto você se vende a esse controle? Será que devemos julgar a raiva de um indivíduo que encontra-se em posição de oprimido? O que fazemos quando essa raiva é o único sentimento que restou? Vejamos, todo mundo é bom, até o dia que deixa de ser. O que faremos quando esse dia chegar? Até quando seremos bons para aqueles que nos causam mal?
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